Sem rodeios: sem estilo, você é uma representação “despersonalizada” da moda.
Não vou desenvolver o conceito de moda e o conceito de estilo porque existem profissionais muito mais competentes e com conhecimento acadêmico melhor estruturado do que o meu, que disponibilizam textos realmente interessantes (e corretos!) sobre essas definições.
Mas resumindo, e para iniciarmos essa conversa, a moda é “temporal” – vai tratar da representação de uma sociedade em seu vestuário em um recorte específico de tempo. Pode retornar, pode ser revista, pode ir ao oposto do que já foi, mas vai tratar sempre de “recortes temporais”.
O estilo está conectado à identidade. É a base onde você colocará os elementos da moda, construindo | demonstrando | assim uma personalidade – a sua personalidade. Não é imutável – o que seria um contraponto à moda; seu estilo sofrerá mudanças quantas forem a sua forma de pensar, sentir e se colocar no mundo onde você acontece. Mas certamente não mudará em conformidade com o que a indústria têxtil, estilistas e lojistas produzirão!
Você vai buscar dentro da moda peças temporais que dialogam com o seu estilo, e assim se fará representar de forma segura no seu universo, e para o seu universo.
Agora algo pessoal (eu prefiro falar da minha experiência do que te passar “normas” para você se encontrar!, mesmo correndo o risco de soar egocêntrica): o mais complicado para mim foi encontrar o meu estilo dentro de um tornado constante de informações de moda, de influências, de “regras de vestuário”, que não se conectavam à mim – era apenas um processo de “adaptação”, para que pelo menos “lembrasse” quem eu era.
Enquanto eu estava dentro desses ventos, eu tinha imensa dificuldade de “ver” o que escolhia, e obviamente não ME via – e assim, caminhei por 4 décadas de vida sem conseguir representar quem eu sou de fato.
Porque, ao contrário do que se pensa, a moda passa longe de futilidade. O que é fútil é a forma como algumas pessoas transformam a moda na sua realidade sem base coesa. Mas isso é uma leitura de moda. E não a moda em si. Esse universo é muito mais amplo e multidisciplinar: envolve história, psicologia, antropologia, descobertas e adaptações científicas, análises culturais, concepções externas de mundo em contato com nossos conceitos particulares, e muito mais.
E enquanto não vemos a moda como uma forma de representação pessoal e social, que se expande e conversa com muitas outras esferas, corremos o risco de sair pelo mundo replicando vitrines sem sequer entender o porquê… nada contra as vitrines (pelo contrário, AMO! E Visual Merchandising será tema nesse blog!), mas… não há VOCÊ VIVO lá dentro, não é? 🙂
E quando tive a oportunidade de estudar moda, descobrir arquétipos, e pensar em estilo, consegui me encontrar num caminho onde me sinto confortável, utilizo técnicas que me permitem encontrar soluções rápidas que tiram sofrimento do meu dia! (E bagunça do guarda-roupa! E conta alta no meu cartão de crédito! E choro em frente ao espelho!), consigo buscar elementos da moda para compor e expor o meu estilo de forma a respeitar a minha personalidade, e ao que quero dizer, e nem preciso dizer a vocês o quanto isso fez bem à minha auto-estima e à forma como me relaciono comigo mesma e com os outros.
As pessoas costumam medir a importância de todas as coisas para o outro conforme seus padrões pessoais. Se para você não há dificuldade em se sentir bem, isso é excelente! MAs não se esqueça (E respeite!) que existem pessoas que não conseguem se olhar no espelho; outras não conseguem um emprego digno porque não têm o que vestir; outras ainda são escravizadas nas máquinas de costura… cuidado com suas medidas ao julgar as medidas do outro… e vou me dar à liberdade de passar UMA regra: respeite – você, o outro, e o que vemos nos espelhos.
Falando nele… quando você se olhar no espelho, e ficar tentado a perguntar “se existe alguém mais bonito do que você”, preste atenção na sua imagem, se veja e pergunte para você mesmo: “quem é você?”… o que você pensa sobre o mundo, o que te traz confiança, segurança, o que você vê em você, no outro e no mundo, e meergulhe nisso.
Quando você sair da dimensão do espelho, e de fato se ver, vai ter encontrado não apenas o seu estilo, mas a forma e as cores com as quais você vê o mundo.
[Se você se sentir perdido nessa dimensão, entre em contato com pessoas que possam te ajudar nos mais diversos núcleos, incluindo consultores de moda, que vão te auxiliar a encontrar o seu estilo, e adequar a moda à quem você é… se dê esse carinho, se dê essa nova forma de olhar.]
E fale sobre essa experiência com as pessoas para que elas consigam finalmente se encontrar, e se olhar no espelho com mais amor… é se olhando assim que as cores do mundo se mostram mais vivas!
(Imagem: “La reproduction interdite”, de René Magritte. 1937)